O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

domingo, 16 de outubro de 2011

Pra Ser Sincero - Engenheiro do Hawaii

A Internacional

De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome

A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores


Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional


Senhores, Patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum


Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito


Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional


O crime de rico, a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido


À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres


Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional


Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha


Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu


Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional


Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores


Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais


Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional


Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo


Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar


Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Salmo 23

O Senhor é o meu pastor e nada me faltará;
Ele me faz descansar em campinas verdejantes
e me leva a águas tranqüilas.
O eterno me dá novas forças;
e me guia no caminho certo
Ainda que eu caminhe por um vale escuro
como a própria morte, não temerei.
Pois Deus, está comigo,
Tu me proteges e me diriges.
Preparas um banquete para mim
onde meus inimigos possam ver,
Sou teu convidado de honra e
enches meu copo até a borda.
Sei que a tua bondade e o teu perdão
ficarão comigo enquanto eu viver.
E todos os dias da minha vida
morarei na tua casa

... mais uma página do meu diário!

Eu levanto todos os dias muito cedo, nem sempre tomo café porque estou sempre atrasada, mas ainda assim, sabe como chego ao serviço todos os dias? Quieta e com cara de sono, mas, segundo os que trabalham comigo, sempre lá e estranhamente feliz pelo novo dia. Uma amiga que trabalhou comigo acabou de me falar isso em uma mensagem.
Ah, eu não chorei ... na verdade, eu ri muito!
Pensei em como é que sofro demais em um dia que as coisas não deram certo, publico coisas tristes e me importo em contestar a desumanidade no mundo, e falar o que sinto, o que estou sentindo e pensando, e depois jogo vídeo game com meu filho, ouço rock alto e danço (do jeito que sei) ou bagunço, falo pelos cotovelos e dou aula de cada coisa que me perguntam e que eu sei, em casa ou fora dela, sempre falando de como eu, nós, podemos mudar o mundo, e com a mesma vontade.
Acho que é libertador não saber dizer não ... ou acordar!
Sou estranhamente uma crente na vida. Converso com Deus. Peço coisas, discuto e questiono outras, e já me peguei diversas vezes falando sozinha pela casa com Ele. Meu salmo preferido em uma bíblia que eu sempre digo ser contraditória? ... Salmo 23!
Ando muito triste de uns tempos pra cá, pois muitas coisas não tem saído como espero. Fiquei doente, e além disso pela preocupação tive uma dor de cabeça de enlouquecer, e uma dor de estômago que me consumiu metade do mês e que parecia não ter fim. Mas passou, pois pensei que estava me preocupando demais com algo que nem sei se está na hora de ser problema ainda, e resolvi desencanar.
Agora, falando do que entendo por fé, apesar de muitas e muitas vezes até mesmo no meio do dia perder a minha, ou por mais que geralmente pareça pras pessoas que não tenho fé, minha idéia de crença não contesta o que ou em que se acredita, e sim que se acredite de uma forma racionalizada.
Não posso ter vontade de comprar minhas coisas e esperar que o dinheiro apareça do nada, tenho que trabalhar pra ter o que quero. Tenho que cuidar da saúde, ou da mente pra ter saúde. Não posso estar ou ser impassível frente às diferenças que vejo todo mundo arrotando ou aumentando com sua indiferença.
Numa hora triste choro até se vejo um cachorro abandonado, ou um morador de rua no meu caminho, pois, sinto o quanto deve doer este abandono, e sofro por só poder olhar pro céu e dizer, sim: ta vendo isso, néh? ... e falo mesmo, por mais estranho que pareça, o Deus que todos clamam anda do meu lado e converso com Ele o tempo todo!
Sou ingênua? ... muito! Sempre acredito estar cercada de pessoas boas. E quando descubro que não é bem assim, sofro demais. Culpo-me por não ter notado suas personalidades, grito comigo mesma, e com os outros, quebro pratos, xingo as pessoas e choro como criança.
Mas no dia seguinte, mesmo depois de uma noite em claro, estou de pé! Com medo de cair, de sucumbir, mas de pé! Um amigo meu me falou outro dia que tenho uma capacidade de reação impressionante!
E assim vou seguindo, até com minhas constantes dores de cabeça e estômago, mas seguindo, e se posso falo pra todo mundo quando tenho oportunidade, que elas são bonitas, perfeitas e estão vivas. Ressinto-me por mim. Por muitas vezes, esquecer que sou bonita, perfeita e estou viva! E peço perdão quase o tempo todo.
Acredito que uma aula pode sim mudar um pouco o mundo, e todos os dias estou lá, cansada, meio sonolenta, azeda mas pronta pra dar a aula.
Não quero um dinheiro que não seja justo, que não me permita mudar um pouco as coisas, e é por isso que estudo, que leio e que espero estar acertando, pois tenho boa vontade.
Amanhã é outro dia sempre! E mesmo que escreva aqui ou mesmo que pareça não estar mais com vontade de seguir, amanhã pegarei meu ônibus e chegarei no horário, e vou adiante, muitas vezes com meu característico mau humor ou espírito critico, chato e intolerante, mas agindo do meu jeito pra mudar o que puder.
Toda segunda feira é um lindo dia! Uma nova semana começa e me preparo pra entender o quanto errei na semana anterior, e pra poder tentar acertar na semana que começa menos do que poderei acertar na próxima semana.

Simone Rachel

Albert Camus (... gosto de estudar as biografias dos meus preferidos)

Camus faz parte de uma sociedade de encontro de culturas, recebe influência majoritariamente européia mas em seu cotidiano está o povo, o som, a luz, o cheiro, o gosto do norte da África, que jamais o deixará, mesmo se visualizados sob o prisma de um olhar eurocêntrico, como atesta a anotação escrita em seu diário em julho de 1949, aos 36 anos de idade, em viagem rumo à América Latina:
“Descemos em Dacar à noite..., grandes negros, admiráveis em sua dignidade e elegância, em suas longas túnicas brancas, as negras com roupas antigas, de cores vivas, o cheiro de óleo de amendoim e de excremento, a poeira e o calor. São apenas algumas horas, mas reencontro o cheiro de minha África, cheiro de miséria e de abandono, aroma virgem e ao mesmo tempo forte, cuja sedução eu conheço.” (Albert Camus - Autor de O Estrangeiro)

Como o depoimento acima indica, Albert Camus viveu sempre a ambigüidade de ser “pied noir” na França e um descendente de colonizador na Argélia. O escritor peruano Mario Vargas Llosa considera, por isso, que Camus foi sempre um homem de fronteira:
“Acho que para entender-se o autor de L’Etranger é útil levar-se em conta sua tripla condição de provinciano, homem da fronteira e membro de uma minoria. As três coisas contribuíram parece-me, para sua maneira de sentir, de escrever e de pensar. Foi um provinciano no sentido cabal da palavra, porque nasceu, educou-se e se fez homem muito longe da capital, no que era então uma das extremidades remotas da França: África do Norte, Argélia. Quando Camus instalou-se definitivamente em Paris, tinha cerca de trinta anos, quer dizer, já era, em essência, o mesmo que seria até sua morte. Foi um provinciano para o bem e para o mal, mas sobretudo para o bem, em muitos sentidos.” (LLOSA, 1983: 231).
Deve-se recordar, ainda, que Camus recebeu educação escolar essencialmente francesa e como “...é através da educação que a herança social de um povo é legada às gerações futuras e inscrita na história” (MUNANGA,1988: 23), observamos através de sua biografia que Camus, assim como os alunos árabes que estudavam com ele, ouvia na  escola que havia uma hierarquia de civilizações e também que os seus ancestrais eram os gauleses, muito embora isso não queira dizer que os professores acreditavam que seus alunos árabes ou cabilas descendiam de Vercingétorix. Como assinala Todd (1998: 34), os franceses buscavam a assimilação pelo ensino: “confundindo seus interesses com os nossos, os indígenas compartilham conosco a herança do passado: nossos ancestrais tornam-se os deles”. Concebendo para si uma identidade que os situavam historicamente como os valorosos sucessores dos turcos, árabes, bizantinos, vândalos, romanos, cartagineses, justificavam com isso aquilo que consideravam uma missão civilizatória a ser desempenhada  no continente africano. Essas idéias não pareciam nem contestáveis nem racistas aos alunos e aos professores franceses.  Embora os professores não necessariamente concordassem com a existência de uma hierarquia entre as raças, valorizavam uma hierarquia das civilizações, desfavorável aos povos não europeus, sendo que a história da Argélia “é apresentada como uma pane de treze séculos entre as colonizações romanas e francesa.” (TODD, 1998: 34).
As concepções colonialistas difundem-se através da escola, da igreja, da família, enfim do meio social, mas é no convívio com seus melhores amigos que o jovem Camus se aproxima de uma visão crítica em relação ao colonialismo. Seus amigos afirmam que detestam “o estado de espírito dos colonos, que se apressam em afirmar que os árabes são preguiçosos, sifilíticos, hipócritas e ladrões.  Mas esses colonos precisam dos “indígenas” para fazer os pequenos trabalhos na cidade e os grandes no campo. Revoltados com os salários miseráveis, Robert e Claude levam Albert a tomar consciência dos problemas sociais para além de Argel.” (TODD, 1998: 63)
Os alunos argelinos tinham, assim, uma educação eurocêntrica, que desconsiderava, por exemplo, a geografia e a história cheia de sol e luminosidade dos países africanos. Falava-se de ancestrais loiros de olhos azuis, escamoteando a cultura, a origem africana, como se antes da invasão dos europeus não existisse história nessa região.
Como vimos anteriormente há também uma hierarquia entre os franceses de origem européia instalados na África que são chamados por pieds-noirs para distinguí-los dos franceses da Europa, mas esses  pieds-noirs  quando na colônia, no caso a Argélia, sentem-se superiores aos povos de origem africana e muitos defendem a cultura assimilacionista, como por exemplo o tio de Camus,  Gustave Acault que “despreza a burguesia, mas também diz “os indígenas” sem maldade. Aberto, ambivalente, como a esmagadora maioria dos “pés-pretos”, homem esclarecido, Acault acredita no homem universal. Os muçulmanos realizarão sua essência humana tornando-se franceses” (TODD, 1998: 47).
A dualidade de sentimentos em relação a África significará um embate pessoal e uma sensibilidade especial para com os povos africanos e descendentes. Novamente em seu diário de viagem, agora discorrendo sobre uma danceteria popular no Rio de Janeiro Camus escreve: “Nada diferencia esse dancing de mil outros pelo mundo afora, a não ser a cor da pele. A esse respeito, observo que tenho que vencer um preconceito inverso. Amo os negros a priori e fico tentado a ver neles qualidades que não têm...” (CAMUS, 1997: 78)

Judeus: os donos do mundo - Superinteressante

Judeus:os donos do mundo - Superinteressante

Brasil ... eu quis cantar!


Há 500 e tantos anos o Brazil chafurda no mesmo poço de problemas... corrupção, ignorância, igrejas, templos, igrejinhas, panelas, milicias, vertentes demais, linhas retas de menos, muito pajé e pouco índio... a gente quer cultura, direção e arte... a gente não quer polícia e nem ladrão por qualquer parte...

COPA DO MUNDO: BRASIL AINDA NÃO SABE QUANTO CUSTARÁ A COPA OU À QUEM

Moradores de Itaquera, na zona leste, protestam contra a remoção de famílias na área prevista para a construção do estádio do Corinthians, para a copa de 2014. Eles alegam que mais de três mil famílias terão de deixar a região por causa das obras de reurbanização.


http://www.youtube.com/watch?v=C64AW9ldefM&feature=relmfu


"O futebol é uma escola de violência e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato".

Lima Barreto (1881 - 1922)



GREVE DOS CORREIOS - BRASIL PAÍS DE INSATISFAÇÕES

Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luta da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando os operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale a completa escravização dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a coisa muda. Não há riquezas que os capitalistas possam aproveitar se não encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrões continuam sendo verdadeiros escravos, trabalhando eternamente para um estranho, por um pedaço de pão, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos suas reivindicações e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam então de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho não sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas.

"Nós fugimos do Nazismo e escolhemos o Brasil por que achavámos que era um país de liberdade". Zora Herzog, mãe de Vladimir

Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.
Bakunin

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Panem et Circenses (Pão e Circo) é uma frase em latim muito conhecida e utilizada na Roma Antiga, quando ainda era capital do poderoso e temido Império Romano, que conheceu sua ruina no ano 476 d.C.  Diferente do que se pensa a frase, Panem et Circenses,  não é fruto da fantasia popular, mas é atribuida um ao intelectual chamado Juvenal que escreveu: “O povo deseja, ansiosamente, apenas duas coisas: Pão e Circo.”. Este poeta foi um grande escritor e amava descrever o ambiente no qual ele mesmo vivia: um época na qual os políticos e imperadores eram capazes de qualquer falcatrua para manter o poder e a opressão sobre o povo e, por isso, precisavam do apoio das massas. A politica do “Pão e Circo” surgiu como forma de iludir os pobres, garantindo-lhes apenas comida e diversão para, assim, diminuir a insatisfação deles contra o mal governo dos tiranos e políticos da época. Durante os espetaculos sangrentos (Circo), como os combates entre gladiadores, que eram promovidos nos estadios para divertir a população, era distribuído pão de graça. Porém o custo desta política nefasta foi enorme e causou a elevação dos impostos e sufocou a economia do Império Romano, que caiu em ruinas e nunca mais se levantou.


"Se Deus é por nós, quem será contra nós".

Admirável Gado Novo - Zé Ramalho

Oooooooooh! Oooi!
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...

Oooooooooh! Oh! Oh!

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela...
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar

Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...
Ooooooooooooooooh!


http://www.youtube.com/watch?v=SSx0qETvcJY

Não fiz esta apresentação ... mas estou gostando do livro! Compartilhando!

MausA segunda guerra mundial, um dos tantos marcos cruéis na história da humanidade, rende, até hoje, estudos, livros, ensaios e filmagens. Porém, um dos mais marcantes e verdadeiros relatos do que aconteceu em meio à tragédia que teve início na Alemanha foi apresentado ao mundo na forma de uma história em quadrinhos. Maus, de Art Spiegelman, publicado no Brasil pela Editora Brasiliense, em duas partes (formato livro), nos traz um impressionante relato da trajetória de um Judeu em meio à guerra.

O judeu em questão é o pai do autor, que é apresentado na história já como uma pessoa de idade, narrando ao filho sua passagem pela guerra. Portanto, o livro é baseado em fatos reais, um relato detalhado, minucioso até, que nos apresenta tudo em detalhes, inclusive a personalidade das pessoas envolvidas, principalmente do protagonista, mesquinho, avarento e racista, embora inteligente, perspicaz, dotado de uma intuição fantástica e, principalmente, de muita, muita sorte.

NazistaEm Maus, mais que os desenhos, o que salta aos olhos é o roteiro. Os personagens são muito bem caracterizados, têm vida própria, pulsante. É difícil permanecer indiferente à leitura desta obra. A crueldade dos fatos é gritante, machuca, incomoda. A qualidade com que o autor associa texto e imagens é tal, que é impossível não imaginar na própria pele a dor, a angústia, o medo e o terror impostos pelos nazistas.

AmericanoA caracterização dos personagens é um capítulo à parte. Os judeus são retratados como ratos, os alemães como gatos, os americanos como cachorros e os poloneses como porcos. Isso não diminui a grandeza da obra. Pelo contrário! Aumenta ainda mais, pois, além da originalidade, torna a leitura ainda mais fluente. Outro mérito é o humor, muitas vezes ácido e corrosivo, mas sempre inteligente.

PolonêsOs personagens secundários, alguns com passagens relâmpagos pela história, são marcantes. São diversos fatos ocorridos ao redor do protagonista, em toda sua caminhada no decorrer da guerra. Homens, mulheres, velhos, jovens e crianças, todos jogados a um destino incerto e quase sempre terrível, tentando, de todas as maneiras, possíveis e impossíveis, buscar a sobrevivência através da esperança, uma esperança vã, que não resiste à certeza dos fatos. E a única certeza, para as vitimas dessa guerra, era a morte.

Trechos do livro Cartas ao Pai (de Franz Kafka)

"E mesmo esta tentativa de responder-te por escrito ficará inconclusa, porque, também ao escrever, o temor e os seus efeitos inibem-me diante de ti. Era para mim incompreensível tua absoluta insensibilidade pelo prejuízo e dor que podias causar-me com essas palavras e opiniões; era como se não tivesses consciência do teu poder. Com segurança, eu também te feri com palavras minhas, mas então eu o sabia e isso me causava dor, mas não podia controlar-me, arrependia-me ao mesmo tempo que a dizia. Mas golpeavas com tuas palavras à direita e à esquerda, nada te inspirava piedade, nem nesse momento nem depois; diante de ti ficava-se inteiramente indefeso"

A Vida (Florbela Espanca)

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo" Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Florbela Espanca (... sempre leio)

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!



http://www.aindamelhor.com/poesia/poesias01-florbela-espanca.php

Precisamos De Você ... mais Brecht!

Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos - aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.

Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.

Confere tudo ponto
por ponto - afinal
você faz parte de tudo,
também vai no barco,
"aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia.

Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.

Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.

Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação

As Boas Ações - Bertold Brecht


Esmagar sempre o próximo
não acaba por cansar?
Invejar provoca um esforço
que inchas as veias da fronte.
A mão que se estende naturalmente
dá e recebe com a mesma facilidade.
Mas a mão que agarra com avidez
rapidamente endurece.
Ah! que delicioso é dar!
Ser generoso que bela tentação!
Uma boa palavra brota suavemente
como um suspiro de felicidade!

...
A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.

Rubem Alves

Você pode - Martha Medeiros

Você pode ir embora e nunca mais ser a mesma.
Você pode voltar e nada ser como antes.
Você pode até ficar, pra que nada mude, mas aí é você que não vai se conformar com isso.
Você pode sofrer por perder alguém.
Você pode até lembrar com carinho ou orgulho de algum momento importante na sua vida: formatura, casamento, aprovação no vestibular ou a festa mais linda que já tenha ido, mas o que vai te fazer falta mesmo, o que vai doer bem fundo, é a saudade dos momentos simples:
Da sua mãe te chamando pra acordar,
Do seu pai te levando pela mão,
Dos desenhos animados com seu irmão,
Do caminho pra casa com os amigos e a diversão natural
Do cheiro que você sentia naquele abraço,
Da hora certinha em que ele sempre aparecia pra te ver,
E como ele te olhava com aquela cara de coitado pra te derreter.
De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades:
Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três (tá certo, se precisar, conte mais);
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura.


Nota: Tem umas coisas simples aqui neste texto que nunca tive, pelo menos não nesta vida, mas tudo bem, virão outras vidas, inclusive as imaginadas possíveis! Agora as verdades são demais pra mim. Devia ter lido isto antes, só porque paciência é a virtude dos sábios!

Liberdade

Existe uma sociedade do espetáculo em cada movimento meu, está dentro de mim, e não é só hoje que toda e qualquer liberdade está exposta na prateleira deste mercado invisível que me define, afinal, os mercados e consumidores mudaram mas este "capital" que compra, vende e etiqueta minha liberdade sempre existiu em todas as épocas, só com preços diferentes.
Ser livre sempre significou estar dentro dos padrões sociais aceitos. Sou livre quando respondo ao que se espera de mim, porque do contrário sou classificada, apontada como diferente e estranha a todo o resto, e não posso seguir livre nem mesmo no meu modo de pensar.
Não sei se consigo conviver bem com a idéia de que estou num mundo em que sou tolerada e tolero o tempo todo. Sou fraca demais e sinto meu estômago embrulhado quase todo dia, e ultimamente, até lembranças que achei terem sido felizes tem embrulhado o meu pobre e dolorido estômago.
Qual o sentido de servir ou de doar? De abrir mão do seu tempo, sono e verdade em prol de quem ou do quê não te conhece? ... sinto uma distância entre mim, entre o que desejo e a realidade que sou obrigada a vivenciar, todos os dias, que se parece hoje, com um abismo intransponível.
Não sei se me ressinto mais, pois estou tão vazia e perdida, só sei que estou a cada dia mais pequena diante de tudo o que não posso, ou que não consegui mudar. Penso em uma vida inteira seguindo e procurando plantar sementes, e olho pra trás e vejo que nenhuma das que brotaram servem diante do que não tenho hoje, que é a fé no amanhã.
Tudo, sempre, desde que passei a carregar minhas responsabilidades nos ombros por onde fosse, foi um suceder de desvalorização, sustos e renúncia incompetente. Lembro de minha mãe e vejo que estive lá todos os dias esperando ela olhar por mim, e onde ela esteve, além dela mesma, que nem foi alguém com quem pude contar?
Do que valeu acreditar? Vejo que sempre acreditei nas pessoas erradas! Que meu riso foi curto, e que errei muito, errei demais por pensar que era livre, e seguia junto de um todo, mesmo estando fora dos modelos estabelecidos no mercado invisìvel que regula as relações e emoções deste mundo vendido.


Simone Rachel