O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Ela é que acompanha os reis venerandos. A quem honram as virgens do grande Zeus e dentre reis sustentados por Zeus vêem nascer, elas lhe vertem sobre língua o doce orvalho e palavras de mel fluem de sua boca. Todas as gentes o olham decidir as sentenças com reta justiça e ele firme falando na Ágora, logo à grande discórdia cônscio põe fim, pois reis têm prudência quando as gentes violadas na Ágora perfazem as reparações facilmente, a persuadir com brandas palavras. Indo à assembléia, como a um Deus o propiciam pelo doce honor e nas reuniões se distingue. Tal das Musas o sagrado dom dos homens.
Pelas Musas e pelo golpeante Apolo há cantores e citaristas sobre a terra, e por Zeus, reis. Feliz é quem as Musas amam, doce de sua boca flui a voz. Se com angústia no ânimo recém-ferido alguém aflito mirra o coração, e se o cantor servo das Musas espera a glória dos antigos e os venturosos Deuses que têm no Olimpo, logo esquece os pesares e de nenhuma aflição se lembra, já os desviaram os sons dos Deuses.
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Que culpa tenho eu?

Trecho Fogo Morto

“Já devia ser bem tarde e havia deixado a filha doente com a mulher acabrunhada. Era a sua mulher Sinhá a única culpada. Que podia ele fazer com uma filha que nada tinha dele, que era um outro ser, sem coragem para vencer todos os medos? Ele não tinha medo de ninguém. Marchava devagar. As suas alpercatas batiam alto no calcanhar. Estava só naquele mundo, sem uma pessoa, sem um ente vivo. Viu a luz da casa das velhas do seu Lucindo como um farol vermelho na luz branca da lua. Aproximou-se mais e ouviu choro de gente. O que seria aquilo? Pensou em entrar no atalho que dava para a casa. E estava pensando em procurar saber o que podia ser aquele choro, quando um canto de reza subiu ao ar. Era quarto de defunto. Entrou no atalho e se foi chegando para a casa que se escondia atrás de um juazeiro enorme. Só podia haver muita gente dentro da casa para dar aquele volume enorme de canto de morte. E quando ele se chegou na janela e botou a cabeça para olhar o povo rezando, um grito estourou como uma bomba. – É ele, é o lobisomem.”