O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez. Mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei.


Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Amor

O amor quando se revela
Não se sabe revelar
Sabe bem olhar pra ela
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar 
Mas quem sente muito cala
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala
Fica só inteiramente.
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar
Já não terei que contar-lhe
Porque lhe estou a falar.


                                                        Poema de Fernando Pessoa

... ando em paraíso!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Despedida...

“Levanta-te e anda" disseram certa vez. A cada dia que passa é mais fácil para ela obedecer esta ordem e continuar indiferente a sua tristeza crescente, quando passados raros momentos alegres já lhe parecem medíocres. A força que lhe falta para levantar se esvai a cada desapontamento com  a sua própria fragilidade, com a triste ausência de um confidente, em ter que silenciar diante de uma grosseria que lhe foi dita como uma brincadeira... e neste momento mesmo, já emocionada, ela é surpreendida pela música que ama. É inevitável para ela relembrar que no mesmo dia, mais ou menos na mesmíssima hora a uma semana atrás ela ouvia a mesma música e se lamenta pois as situações e as emoções são diferentes, e agora, infelizmente para pior. Impossível entender, ela concluí. A cada dia a vontade de desistir aumenta. Seus pensamentos caminham para o óbvio, para o inevitável assim como o rio corre para o mar. Não há dúvida: ela precisa de ajuda, mas ninguém enxerga ou, somente ignoram. O que me faz pensar: apesar de ser uma heroína por resistir a tudo por tanto tempo ela definha aos poucos e não tem mais esperança de ter a ajuda que nunca virá. Tudo caminha. Para o seu curso natural. E ela se vai”.
Assinado: A.S.