O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

domingo, 16 de outubro de 2011

Liberdade

Existe uma sociedade do espetáculo em cada movimento meu, está dentro de mim, e não é só hoje que toda e qualquer liberdade está exposta na prateleira deste mercado invisível que me define, afinal, os mercados e consumidores mudaram mas este "capital" que compra, vende e etiqueta minha liberdade sempre existiu em todas as épocas, só com preços diferentes.
Ser livre sempre significou estar dentro dos padrões sociais aceitos. Sou livre quando respondo ao que se espera de mim, porque do contrário sou classificada, apontada como diferente e estranha a todo o resto, e não posso seguir livre nem mesmo no meu modo de pensar.
Não sei se consigo conviver bem com a idéia de que estou num mundo em que sou tolerada e tolero o tempo todo. Sou fraca demais e sinto meu estômago embrulhado quase todo dia, e ultimamente, até lembranças que achei terem sido felizes tem embrulhado o meu pobre e dolorido estômago.
Qual o sentido de servir ou de doar? De abrir mão do seu tempo, sono e verdade em prol de quem ou do quê não te conhece? ... sinto uma distância entre mim, entre o que desejo e a realidade que sou obrigada a vivenciar, todos os dias, que se parece hoje, com um abismo intransponível.
Não sei se me ressinto mais, pois estou tão vazia e perdida, só sei que estou a cada dia mais pequena diante de tudo o que não posso, ou que não consegui mudar. Penso em uma vida inteira seguindo e procurando plantar sementes, e olho pra trás e vejo que nenhuma das que brotaram servem diante do que não tenho hoje, que é a fé no amanhã.
Tudo, sempre, desde que passei a carregar minhas responsabilidades nos ombros por onde fosse, foi um suceder de desvalorização, sustos e renúncia incompetente. Lembro de minha mãe e vejo que estive lá todos os dias esperando ela olhar por mim, e onde ela esteve, além dela mesma, que nem foi alguém com quem pude contar?
Do que valeu acreditar? Vejo que sempre acreditei nas pessoas erradas! Que meu riso foi curto, e que errei muito, errei demais por pensar que era livre, e seguia junto de um todo, mesmo estando fora dos modelos estabelecidos no mercado invisìvel que regula as relações e emoções deste mundo vendido.


Simone Rachel


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