O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Memórias do Cárcere

Em conversa ouvida na rua, a ausência de algumas sílabas me levou a conclusão falsa - e involutariamente criei um boato. Estarei mentindo? Julgo que não. Enquanto não se reconstruírem as sílabas perdidas, o meu boato, se não for absurdo, permanece; e é possível que esses sons tenham sido eliminados por brigarem com o resto do discurso.
Graciliano Ramos

Hasta siempre Comandante Che Guevara

Aprendimos a quererte
Desde la histórica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso un cerco a la muerte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante che guevara.
Tu mano gloriosa y fuerte
Sobre la historia dispara
Cuando todo santa clara
Se despierta para verte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante che guevara.

Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante che guevara.

Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa
Donde esperan la firmeza
De tu brazo libertario.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante che guevara.

Seguiremos adelante
Como junto a ti seguimos
Y con fidel te decimos:
Hasta siempre comandante.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante che guevara.

As janelas - Charles Baudelaire

Olhando de fora, através de uma janela
aberta, nunca se vê tantas coisas como
quando se olha por uma janela fechada.
Não existe cena mais profunda.
mais misteriosa, mais tenebrosa,
mais encantada, que uma janela iluminada
pela luz de um candelabro.
O que a gente vê com a luz do Sol é sempre
menos interessante do que o que se passa
atrás de uma vidraça. Nesse buraco negro ou
luminoso a vida passa, alucina e sofre.

Além das frestas, das sombras do telhado,
vejo uma mulher antiga, envelhecida,
sem fortuna, sempre debruçada sobre
alguma coisa e confinada dentro da casa.
Observo sua fisionomia, observo sua
vestimenta, seus gestos, e com esse quase
nada, re-escreco a história dessa mulher,
ou melhor ainda,
a sua lenda, que às vezes reconto
a mim mesmo, em lágrimas.