“Levanta-te e anda" disseram certa vez. A cada dia que passa é mais fácil para ela obedecer esta ordem e continuar indiferente a sua tristeza crescente, quando passados raros momentos alegres já lhe parecem medíocres. A força que lhe falta para levantar se esvai a cada desapontamento com a sua própria fragilidade, com a triste ausência de um confidente, em ter que silenciar diante de uma grosseria que lhe foi dita como uma brincadeira... e neste momento mesmo, já emocionada, ela é surpreendida pela música que ama. É inevitável para ela relembrar que no mesmo dia, mais ou menos na mesmíssima hora a uma semana atrás ela ouvia a mesma música e se lamenta pois as situações e as emoções são diferentes, e agora, infelizmente para pior. Impossível entender, ela concluí. A cada dia a vontade de desistir aumenta. Seus pensamentos caminham para o óbvio, para o inevitável assim como o rio corre para o mar. Não há dúvida: ela precisa de ajuda, mas ninguém enxerga ou, somente ignoram. O que me faz pensar: apesar de ser uma heroína por resistir a tudo por tanto tempo ela definha aos poucos e não tem mais esperança de ter a ajuda que nunca virá. Tudo caminha. Para o seu curso natural. E ela se vai”.
Assinado: A.S.