ESTE ROMANCE ANTECIPA A MENTALIDADE
DOS DOIS PIORES DITADORES DA HISTÓRIA DO SECÚLO XX.
Mais
do que uma simples e esperada propaganda anti-anarquista, Os Demônios, Fiódor Dostoiévski, é uma obra prima da literatura
universal. Algumas das obras de Dostoievski foram baseadas em acontecimentos
reais, e Os Demônios é
uma delas. No século XIX surgiram na Rússia centenas de grupos revolucionários
esquerdistas (Nilistas, Socialistas e Anarquistas) e em meio a centenas de
organizações, um grupo bastante restrito de cinco integrantes, seria
responsável por uma ação que mudaria a forma como os chamados esquerdistas
passaram a ser vistos: Em 1869 o estudante S.G. Nietcháiev conheceu o famoso
anarquista russo Mikhail Bakunin. Bakunin se tornou um profundo admirador de
Nietcháiev – alguns dizem que os dois chegaram a ter um relacionamento amoroso
- e encarregou este de fundar uma organização revolucionaria. Nietcháiev,
juntamente com outros quatro estudantes, formam uma organização batizada de
“Justiça Sumaria do Povo” (Naródnaia
Rasprava), sendo Nietcháiev o líder. Entre os integrantes do grupo
estava o estudante I.I. Ivanov, que por se desentender com os membros da
organização, exigiu o seu desligamento do grupo. No dia 21 de novembro de 1869
Nietcháiev e os outros integrantes do “Justiça Sumaria do Povo”, atraem Ivanov
para um local deserto e o matam a sangue frio. O motivo do assassinato foi
puramente político, pois Nietcháiev temia que Ivanov denunciasse as ações da
organização. Pouco tempo depois toda a história do assassinato e
descoberta pela policia e os culpados pelo crime são presos, com exceção do
líder Nietcháiev que consegue fugir. Nietcháiev acompanha de longe o julgamento
dos quatro acusados pelo crime, sendo este o primeiro processo político
amplamente divulgado pela imprensa russa. Dostoievski, que fazia parte de um
grupo revolucionário socialista chamado “Circulo Pietrachévski”, se interessou
pelo caso Nietcháiev e com o rumo que os movimentos de esquerda estavam
tomando; o terrorismo estava sendo usado por esses grupos como arma no combate
ao regime autoritário do Czar. Antes mesmo do caso Nietcháiev, os grupos de
esquerda na Rússia, já ficaram conhecidos por seus atos violentos: Em 4 de
abril de 1866 o estudante D.V. Karakózov, também membro de um grupo de esquerda,
assassina a tiros o czar Alexandre II. Anos após o caso Nietcháiev, em 1 de
março de 1887 um jovem de vinte anos, chamado Alexander Ulyanov – irmão de
Vladimir Ilitch Ulianov que mais tarde seria mundialmente conhecido como Lenin
– participa da tentativa de assassinato do czar Alexandre III. O atentado não
teve êxito sendo os culpados presos e condenados a morte; em 8 de maio de 1887,
eles são retirados de suas celas e enforcados.
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