O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

terça-feira, 8 de março de 2011

Falando sobre a diferença entre o perdão da pena, o perdão humano e o perdão de Deus.
São justiças diferentes. E entre elas a humana é a mais hipócrita.
Quem comete um crime deve sim ser punido, mas a hipocrisia fica por conta da punição eterna que todo homem cristianizado traz dentro de si como uma medida real de enxergar o mundo.
Vive-se sempre preocupado com a culpa do outro. Num esforço sobre humano de tornar o outro, seja este outro qualquer um, a merda do mundo.
Acredito em arrependimento, e por mais que só se perca a confiança uma vez, prefiro sempre achar que o arrepender-se é verdadeiro, e que passa por um processo longo de perda do mais importante pro homem, sua individualidade e liberdade.
E se não, quem sou eu pra apontar?
Não entendo uma punição eterna em face a bondade que vejo na figura de Deus. Pra mim é desconcertante conceber um Deus tão mau. Incapaz de perdoar. Um Deus criador de uma figura pensada pra fazer o mal eternamente como o Diabo, não pode ser o Deus que me dá tantas novas oportunidades de mudar os rumos da conversa a cada dia.
Acreditar em um Cristo de madeira, se arrepender de pecados diante de uma imagem, talhada pra te fazer sentir-se pecador, não tem valor nenhum pra mim. Vejo-me e sinto-me como um santo de pau oco, que negocia seu arrependimento, mas que nunca se arrepende pois volta a tropeçar na pedra ínfima do não poder perdoar-se a si mesmo e ao outro.
Deus não acha nada. E isso é a agonia que maltrata o homem. Como se submeter a uma figura, idéia, ser, ou criador que nem parece tá olhando pra mim?
Por mais que ore, eu homem, ainda acho que não sou digno de perdão só porque este Cristo talhado, sofrendo e morrendo por mim, reflete a justiça oca de toda sociedade.

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